sábado, 21 de março de 2009

O vento leva, o tempo passa


eu preciso andar num caminho só
eu escrevo e te conto o que eu vi
quarde um sonho que eu vi
todos aqueles dos quais
os poréns, dos o que, dos talvez
pense bem ou não pense
eu cismei numa birra eu sei
e hesitei e fiz o pior
do amor fazemos o pior
mas não deixei
e hoje eu sei
que por momentos me perdi
mas ei, só me achei em ti
que desfeita nos deixa assim
qual capricho tira o encanto da noite
fiquei aflito
mas foi só porque você não esta aqui
o que se fez
que diferença faz
tanta criatividade pra discutir em vão
mas o dia se fez
eu confuso em fim
que diferença faz?
a vida se fez por igual
ei guria, esta tudo bem
sereno e paciente
assim nunca deixei que agente
mudasse de rumo
pra nós todo amor do mundo
e pra eles o outro lado
queira muito
deseje excessivamente
mas não deixe de entender e compreender
posso ouvir as palavras dizerem
os estragos que elas fazem
a vida é curta demais para dar atenção
o vento leva
não sei mais sinto como é sonhar
que o esforço pra lembrar é a vontade pra esquecer
se agente um dia não conseguir mais rir um do outro
o que nos resta é chorar
não pode ser assim
não quero perder essa parte de nós
nesse momento menor
o seu dizer " Eu te amo" é maior.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Morrer é ridículo


Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da
tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu.
Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente.

De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.

Qual é? Morrer é um cliche.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em
casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.

Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas
cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e
morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito.
Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz.

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas.

Só que esta não tem graça.




Pedro Bial